Iamus, que acaba de lançar um álbum com seu nome, já criou 10 peças de música clássica contemporânea. O aglomerado de computadores, alojados na Universidade de Málaga, na Espanha, é capaz de produzir composições com zero influência humana (além da programação inicial, é claro).
Como funciona
Iamus não toca a música; apenas cria as composições.“Nasciturus” é um exemplo do que é conhecido como música evolutiva, na qual o computador começa com uma pequena entrada inicial e, em seguida, usa um algoritmo complexo para “evoluir” a peça em uma composição completa, adaptando e aumentando a complexidade do “passo inicial” para melhor atender os critérios estéticos buscados.
Demora menos de um segundo para Iamus completar este processo, emboraleve um pouco mais de oito minutos para traduzir a música em formatos que os seres humanos conseguem ler e entender.
O pianista e compositor Gustavo Díaz-Jerez é consultor de software para Iamus. Segundo ele, o computador é alimentado com informações específicas que definem, por exemplo, quais instrumentos ele tem que compor para, e a duração desejada da peça.
“Nós ensinamos um computador a escrever partituras musicais. Agora, nós podemos produzir música clássica moderna com o toque de um botão”, diz.
Além de música clássica contemporânea, Iamus tem o potencial para compor em outros gêneros e instrumentos os quais não conhece ainda. Díaz-Jerez explica que, atualmente, utiliza o que chamamos de escala temperada ocidental – em que há 12 notas em uma oitava. “Mas, se instruir o computador a usar mais notas, como por exemplo na música hindu ou árabe, então Iamus será capaz de compor peças que se relacionam com essas culturas. É apenas uma questão de estender o conhecimento do computador”, conclui.
A criação
O primeiro passo foi ensinar ao computador técnicas gerais. Por exemplo, a equipe informou Iamus de que é impossível para um pianista tocar um acorde de 10 notas com uma mão, pois só temos cinco dedos em uma mão.O projeto então seguiu como um desdobramento da pesquisa de vida artificial, usando a evolução como sua base. Cada composição tem um núcleo musical que se torna cada vez mais complexo, e evolui automaticamente.
Depois que Iamus recebe a informação inicial (os instrumentos para os quais tem que compor e a duração da peça), a atividade de criação é controlada por um algoritmo inspirado por processos biológicos.
Assim como genomas humanos mutados ao longo do tempo para criar uma multidão de pessoas únicas, Iamus altera e reorganiza seu material de origem para criar peças complexas de música.
As únicas restrições são determinadas por aquilo que pode ser reproduzido de forma realista por um músico e seu instrumento.
Fazendo sucesso
As composições criadas por Iamus já foram gravadas pela Orquestra Sinfônica de Londres. O violinista e diretor Lennox McKenzie diz que foi algo inédito para a organização.- O cérebro prefere música clássica
O musicólogo Peter Russell também se referiu à música como “artística e deliciosa”, depois de ouvi-la e antes de saber sua origem.
Pode parecer ameaçador que um computador tenha o potencial de se tornar um compositor mais prodigioso do que Mozart, Haydn, Brahms e Beethoven combinados, mas, por enquanto, músicos podem refugiar-se no conhecimento de que Iamus ainda exige seus próprios sentimentos pessoais e talento para interpretar a música que cria, trazê-la à vida.
Entretanto, a inovação abriu a porta para um novo tipo de venda musical. O ramo comercial de Iamus, a norte-americana Melomics Media, está oferecendo as composições criadas pelo computador a uma taxa semelhante ao que custaria o download de uma faixa do iTunes, Google Play ou alguma outra loja online.
A grande diferença é que não só os compradores podem obter uma cópia das criações de Iamus, como também seus direitos autorais. E com um número ilimitado de faixas, não há risco de ficar sem material.[io9, BBC]
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