domingo, 2 de junho de 2013

Contra o câncer, Oscar troca lágrimas por sorriso e diz: 'Estou curadíssimo'

Maior nome do basquete brasileiro fala sobre sua  recuperação e garante: 'Muita gente fala que vai vencer, e a maioria não  vence, mas eu vou'Oscar Schmidt entrevista luta câncer  (Foto: João Gabriel Rodrigues)Oscar Schmidt: otimismo na luta contra o câncer
 (Foto: João Gabriel Rodrigues)“Ó eu aqui, p*!”. Com a voz rouca, Oscar Schmidt surge por trás do  batalhão de jornalistas no quintal de sua casa, em Santana de Parnaíba, e  se surpreende com o número de microfones à sua espera. Um boné bege  ajuda a esconder a grande cicatriz em sua cabeça, única marca visível da  batalha mais complicada de sua vida. As lágrimas, que se tornaram  frequentes em vitórias e derrotas, ficaram restritas aos tempos de  jogador. Depois de uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno do  cérebro, no fim de abril, Oscar prefere sorrir. Admite, sim, o medo da  morte. Mas garante ter força suficiente para não desistir agora.
- Eu estou curado, curadíssimo. Fiz uma palestra na terça-feira. A  palestra foi linda, já voltei a trabalhar. Não vejo nada diferente.  Muita gente fala que vai vencer, e a maioria não vence, mas eu vou. Não  chorei em nenhum momento. Choro muito menos agora. É um tumor pequeno,  grau 3, mas malvado. Se eu deixar, ele não sai. Mas não vou deixar.  Mesmo que eu não consiga, eu vou tentar de todos os modos. Esse tumor  pegou o cara errado mesmo – garantiu o ex-jogador.
Oscar Schmidt entrevista luta câncer  (Foto: João Gabriel Rodrigues)Oscar Schmidt se mostrou confiante e sorridente em coletiva de imprensa (Foto: João Gabriel Rodrigues)Oscar já havia sido operado, em 2011, para a retirada de um tumor de  grau 2 (na escala de 1 e 4). No entanto, em uma ressonância realizada  durante o monitoramento periódico, foi constatado um novo aparecimento,  agora em grau 3, o que exigiu a nova cirurgia. Ele reconhece que, apesar  de pequeno, o seu tumor é perigoso, mas afirma que não se deixou  abater.
Em quase quarenta minutos de conversa com a imprensa, foram inúmeras  risadas. Nenhuma lágrima. Além da cicatriz na cabeça, Oscar diz que a  única mudança em sua vida foi ter passado a rejeitar o gosto dos  refrigerantes. Aos 55 anos, o ex-jogador se diz um “extremo otimista”.  Desde a primeira cirurgia, passou a se preparar para outra grande  emoção: a festa de inclusão de seu nome no Hall da Fama de basquete, em  setembro, nos Estados Unidos. E, para isso, foi até Londres buscar seu  terno para a celebração.
Oscar Schmidt entrevista luta câncer  (Foto: João Gabriel Rodrigues)Ex-jogador se surpreendeu com o número de microfones (Foto: João Gabriel Rodrigues)- Esse é um ano incrível. A pior notícia e a melhor. Vou estar lá (na  festa do Hall da Fama). Essa vai ser a maior vitória da minha vida.  Depois da primeira operação, passei a não guardar mais dinheiro. Fiz um  terno em Londres, que vou usar na festa. Demorou quatro meses. Foi uma  grana, em pounds, hein? Mas tinha que fazer lá – brincou o ex-jogador.
Oscar iniciou o tratamento logo após a cirurgia. Desde então, tem  enfrentado sessões quase diárias de quimioterapia e radioterapia. Deve  seguir com os medicamentos por mais um mês. Depois, passará por novos  exames para certificar de que o problema ficou para trás.
- Prognóstico não me interessa. Minimamente. Estou sentindo enjoo, mas  estou tomando remédios contra isso. Preciso fazer 30 aplicações das duas  coisas. Do jeito que eu treinei, isso aqui é muito mais fácil. É só um  remedinho e pronto.
Quando detectou o primeiro tumor, Oscar estava em uma viagem com a  família, em Orlando. Tomava um banho na banheira do hotel quando  desmaiou. Acordou já na ambulância, amparado pela família. O Mão Santa  admite o baque de sua mulher e filhos à época que a doença foi  constatada. Diz, inclusive, que hoje pensa que talvez tivesse sido  melhor não retirar o tumor benigno. “Eu ficaria mais maluco, só isso”,  brinca. Agora, porém, garante que é ele quem leva animação à casa.
- Sou eu que consolo todo mundo aqui. Pode ter certeza.
Oscar Schmidt entrevista luta câncer  (Foto: João Gabriel Rodrigues)Com um boné para esconder as cicatrizes, Oscar diz que não vai desistir (Foto: João Gabriel Rodrigues)Oscar diz não saber os motivos da doença. Em uma vida regrada, afirma  nunca ter feito nada que pudesse ter causado o câncer. Mas ele não  lamenta. Prefere celebrar todas as conquistas da carreira. Admite, no  entanto, um arrependimento:
- Nunca fumei, bebi, droguei, dopei. Nunca fiz extravagância nenhuma.  Uma mulher só. Se tinha um cara exemplo para viver os anos 90, sou eu.  Vai entender. . Minha vida foi tão bonita, repleta de coisas. Isso aqui  eu vejo o carinho. Nunca tive tanta mensagem de apoio. Nunca soube que  era tão querido.. Eu tinha que ter metido bola de três em 1988. Mas foi  tudo muito bonito – disse o ex-jogador, lembrando da partida contra a  União
Agora, Oscar se dedica às palestras motivacionais que tem feito. Na  última terça, retomou os trabalhos em uma faculdade de São Paulo. Já tem  outra marcada para o próximo dia 10, em uma empresa. Costuma cobrar  entre R$ 27 e R$ 40 mil, mas pensa até em aumentar. “É uma palestra de  alguém que está lutando para não morrer, né?”, brincou. O Mão Santa  garante: está pronto para tudo.
- Se tiver de abrir a cabeça 20 vezes, vou abrir.
Recordista de pontos
Oscar é considerado um dos maiores jogadores de basquete de todos os  tempos. O ex-atleta é o recordista mundial de pontos, com 49.703,  superando o americano Kareem Abdul-Jabbar. O recorde é extraoficial,  pois não havia súmulas de todos os jogos de Oscar no Brasil.
O Mão Santa foi o líder de um dos maiores feitos do basquete mundial.  Em 23 de agosto de 1987, o Brasil foi campeão dos Jogos Pan-Americanos  ao bater os Estados Unidos em Indianápolis, casa dos americanos, na  final.
Oscar também foi bronze no Mundial de 1978, nas Filipinas. O ex-jogador  participou de cinco Olimpíadas (Moscou, Los Angeles, Seul, Barcelona e  Atlanta). A melhor colocação do Mão Santa com a seleção brasileira foi  um quinto lugar, em Barcelona, 1992, e Seul, 1988.
O ex-jogador começou sua carreira na base do Palmeiras e jogou no  Mackenzie. Como profissional, teve nova passagem pelo Verdão, atuou por  Sírio (SP), Caserta e Pavia, da Itália, além do Valladolid, da Espanha.  Na volta ao Brasil, jogou pelo Corinthians (SP), Bandeirantes (SP),  Bauru (SP) e se tornou um dos maiores ídolos do basquete do Flamengo  (RJ). Fonte: Tribuna do Nordeste

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